THE FINACIAL TIMES
“Situada em um trecho maravilhoso da costa do Descobrimento no Brasil, um antigo vilarejo que já abrigou missionários jesuítas tornou-se “um dos lugares mais chiques do qual você nunca ouviu falar”.
A cerca de 19 km ao norte dali, no ano de 1500, Pedro Alvares Cabral tornou-se o primeiro europeu a por os pés no que se tornaria o maior país da América do Sul, e reivindicou isso à coroa portuguesa. Durante a maior parte do século seguinte não houve grandes acontecimentos ali. Então, em 1586, chegaram os jesuítas com zelo missionário, para criar, inconscientemente, o que já apelidado um dos lugares mais chiques do qual você nunca ouviu falar; refúgio da nobreza europeia, da aristocracia holliwodiana e da realeza da moda, aninhado no meio do nada.
O lugar chama-se Trancoso, no estado da Bahia, Brasil. Situado num maravilhoso trecho da costa do descobrimento, o local foi desafiador aos jesuítas, que se depararam com mangues e uma densa floresta litorânea habitada por tribos indígenas. Com o intuito de salvar almas, eles abriram caminho pela mata e criaram uma área verde retangular de cinco hectares, com trezentos metros de comprimento sobre uma falésia, conhecido como Quadrado. Em cada lado do retângulo, construíram casinhas de pau-a-pique com telhados de madeira. Na extremidade do Quadrado, na beira da falésia e criando uma silhueta sobre o mar azul, ergueram a igrejinha de São João Batista, uma das mais antigas do Brasil. As missas de domingo até hoje são ministradas aqui – no foco e no coração da vila histórica.
Quando hippies em busca de um estilo de vida alternativo descobriram Trancoso, no início dos anos 70, apenas 300 nativos – principalmente pescadores – viviam no vilarejo. Não havia eletricidade (até 1982) ou estradas (até 2002) – exatamente o idílio procurado pelos recém-chegados. Os biribandos, como eram chamados os hippies, foram se interagindo com os locais e começaram a comprar terras.”